Bacuripari significa “fruta de cerca”, vem do tupi guarani e descreve seus ramos que crescem na horizontal quando a planta nasce em áreas abertas. Também dá nome a uma imensa área preservada no Cerrado, refúgio para animais silvestres como anta, capivara, queixada, lobo guará, veado campeiro, tamanduá, teiús e uma infinidade de aves. A Reserva de Privadas de Patrimônio Natural (RPPN) Bacupari abrange 36.80 hectares de Cerrado, e está localizada no coração de Cavalcante-GO, faz parte da zona de amortecimento norte do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV), da Reserva da Biosfera Goyaz (UNESCO) e APA do Pouso Alto.
O local é exuberante e privilegiado. Rico em fisionomias cerratenses, como campos rupestres, cerradão e mata de galeria, todas preservadas. De seus mirantes, é possível avistar parte do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, suas cachoeiras e vales no horizonte.
A RPPN Bacupari se soma a outras RPPNs na região que se transformam num corredor de preservação no Cerrado. A propriedade pertence ao empresário Fábio Pádula e foi descoberta por ele e a família há mais de 20 anos.
Padula conta que ter uma RPPN era um sonho antigo. Seu projeto era trabalhar com regeneração produtiva de áreas degradadas no Cerrado. A ideia era que a propriedade estivesse localizada em um território preservado, mas também que houvesse áreas de pastagens degradadas para reestruturar o Cerrado por meio de técnicas de regeneração e de forma produtiva.
“Desde o início do projeto a ideia era ter uma propriedade com uma área destinada para uma Reserva Privada. Chegamos até nossa propriedade em Cavalcante-GO nos anos 2000 e três anos depois já tínhamos definido qual local seria a RPPN. Escolhemos uma área preservada, às margens do rio São Bartolomeu com enorme importância ambiental”, afirma.
Segundo Padula, quando iniciou sozinho os protocolos para processo de criação da RPPN o trabalho foi bastante exaustivo. “Pela burocracia em si, o grande números de documentos, diversas certidões em órgãos distintos, além da morosidade dos trâmites, acabei desistindo”. Apenas em 2020, Padula conseguiu transformar quase 38 hectares dos 300 de sua propriedade em Reserva por meio do projeto Reservas Privadas do Cerrado. O projeto foi executado pela Funatura em parceria com o Instituto Cerrados e apoio do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF, na sigla em inglês para Critical Ecosystem Partnership Fund) e Instituto de Educação Internacional do Brasil (IEB).
“Foi um trabalho em conjunto. Participar do projeto facilitou tudo, orientou nas emissões de cada certidão necessária, dentro dos prazos e seguindo todos os protocolos de forma coordenada. As coisas andaram e sou grato a todos os parceiros que viabilizaram o projeto e ao trabalho do Instituto Cerrados”, destaca o empresário.